terça-feira, 11 de março de 2025

Jornalismo de pacote


Foi interessante percebermos as diferenças entre as entrevistas a Pedro Nuno Santos, conduzida por Clara de Sousa, na SIC, e a Luís Montenegro, na conversa com Sandra Felgueiras, na CNN/TVI.

Clara de Sousa acha que o PS peca e agride por não aprovar a acção do governo e por insistir nos atropelos cometidos por Montenegro. A entrevista transformou-se em inquérito. Pedro Nuno Santos, apesar da tentativa de ser apresentado ali como culpado pela crise, esteve bem. O que o levou ali não foram sentimentos de culpa, mas sim fazer o que um partido de oposição tem que fazer: oposição.
Sandra Felgueiras fez trabalho de casa. Preparou perguntas aparentemente incómodas e pôs o primeiro-ministro a escorregar no território pantanoso em que se instalou, mas sempre em tendencioso sentido: porque não esclareceu logo tudo?! Tentando dar a entender que o que falhou foi a comunicação. O descaramento de Montenegro, colocando-se em insistente e impertinente sobreposição às interrogações da jornalista, deu em que a conversa se transformasse em passeio pela avenida. O homem é um príncipe em passeio pelos jardins de um palácio em ruínas.

Isto anda mesmo tudo ao contrário. Desde Trump e Bolsonaro que quem mente e falha é que é vedeta de televisão. O jornalismo pede espectáculo, e há políticos com vontade de participar na palhaçada. É assim uma espécie de jornalismo circense.

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segunda-feira, 10 de março de 2025

Aos principios disse nada

Montenegro falou com Sandra Felgueiras na CNN instalada em Portugal. Justificações atabalhoadas de um homem que só pensa em dinheiro. Gabou-se de ganhar umas massas em acções e tentou justificar-se atabalhoadamente. Os gastos em casas e a embrulhada em que meteu mulher e filhos ficou por esclarecer. A conversa deste homem não teve ponta por onde se lhe pegue. Aos princípios disse nada. Só pensa em proteger-se a si e aos seus, tanto pessoal como politicamente. Sempre pensou em eleições antecipadas desde que tomou posse. Sempre pensou que a maioria absoluta estaria ao seu alcance, em inspiração cavaquista. A entrevista foi uma conversa mole, apesar do esforço de Sandra Felgueiras. Este homem é um troca-tintas que elege o absurdo para combater o suposto absurdo. Este tatibitate não merece ser primeiro-ministro.

Abril é amanhã

Há sempre um antes e um depois em tudo. Nas nossas vidas houve uma data que fez toda a diferença. Mesmo os que acham que nada aconteceu ou que acham que só mudaram as moscas, só não percebem o que aconteceu porque não percebem nada. "Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber", como os percebeu José Afonso. 

Cabe aos historiadores fornecerem-nos informação para que todas as percepções sejam esclarecidas. Luísa Tiago de Oliveira escarafunchou por todo o lado onde as coisas se fizeram acontecer. Falou com os protagonistas e classificou tudo o que lhe podia trazer informação sobre os preparativos da revolta dos oficiais em Abril de 1974. O resultado deu um livro: este livro que agora vai ser apresentado pelos professores José Pacheco Pereira e Sérgio Campos Matos. Vamos estar todos juntos na próxima sexta-feira, dia 14, na sala José Afonso da Casa da Cultura, Setúbal. Toda a gente está convocada. Recordar Abril é lutar pelo nosso futuro. Todos estas encontros são acções de luta contra os novos fascistas que saem dos buracos como ratos de esgoto. Ora, os ratos de esgoto não são propriamente animais que se queiram estimáveis, não é verdade?

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domingo, 9 de março de 2025

Os irresponsáveis

Vivemos um tempo em que a irresponsabilidade e a delinquência são valor político. Luís Montenegro, armado da sua esdrúxula noção de irresponsabilidade, pensa estar no tempo de Cavaco em que a queda de governo resvalou para governo garantido. Montenegro coloca o país em crise por não querer responder a questões que obviamente deveria responder. Acrescenta até que não tem nada que ir para ali responder aos deputados que representam quem vota. Foge com o rabo à seringa e não tem medo de ninguém. Actualmente a delinquência é premiada. Veja-se o efeito Trump. O chamado povo elege criminosos. Claro que Montenegro não é um bandido como Trump ou como Bolsonaro. Mas é um irresponsável que põe os seus interesses pessoais acima dos interesses de todos nós. Montenegro vai a votos pensando no efeito Cavaco e não esquecendo a delinquência Trump. Montenegro é um irresponsável que nos sai caro. Montenegro não deveria ser candidato. Muito menos deverá ser eleito primeiro-ministro. 




sexta-feira, 7 de março de 2025

Confluências

Álvaro de la Vega expõe em Portugal. É em Setúbal, na sua Casa Da Cultura. A exposição é um espanto. O melhor da Arte do mundo circula e surpreende.

Esta exposição do artista galego abre amanhã, sábado, dia 8 de março, e prolonga-se até ao fim de de Abril.
Estas imagens que aqui se postam são uma amostra da mostra. Circular por entre estas figuras é um gosto. Apetece estar ali.
Até amanhã.




quarta-feira, 5 de março de 2025

Ana Nogueira na Galeria da Biblioteca Camões

Esta é uma ideia
DDLX proposta à Bibiblioteca Camões. Chamámos-lhe ONDAS DE AREIA e vai ser a nossa marca para os assuntos de artes visuais.

A proposta vai ser aplicada, com esta exposição de Ana Nogueira, na galeria da Biblioteca do Largo do Calhariz, a poucos passos do Largo Camões, em Lisboa. Depois, o que for soará.
Ana Nogueira vai mostrar trabalho recente, concebido depois da excelente exposição que instalou na Casa Da Cultura | Setúbal, em abril de 2022.
Vamos ligar esta exposição a essa experiência — A Floresta de L — que teve Laurie Anderson como grande referência estética e ética. Há sempre um percurso. Sugerimos essa percepção.
O convite está feito. Abre esta quinta-feira, dia 6, a partir das seis e meia da tarde. Até lá.



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terça-feira, 4 de março de 2025

Podem limpar as mãos à parede


Muito sinceramente já não se percebe muito bem esta coisa do rigor a declarar para se ter actividade política. Passámos do domínio das percepções para as interpretações. Só pode ser isso.

António Costa, sem negócios pessoais nem contas bancárias a declarar, sentiu-se demitido por causa de um parágrafo de um texto da procuradora de então, que alegava umas determinadas percepções. Mariana Mortágua foi acusada de estar a acumular por escrever textos políticos na imprensa. Vejam só. Com Galamba foi o que foi, e nem é preciso dizer mais nada. Agora parece que há um político que acumula poder político com negócios e não tem medo de ninguém. O que tem isso de mal? Cada um tem que ganhar a vida, não é verdade? O primeiro-ministro está a tratar das suas contas pessoais e das contas dos donos disto tudo. Saúde e ensino estão em transição para mãos sedentas de dinheiro fácil. A saúde e o ensino são negócios em que vale a pena investir. No privado é que está o ganho. O Presidente, perante tudo isto encolhe os ombros e assobia para o lado (digo eu, pois nem isso se sabe. O homem anda desaparecido pelas salas do palácio). A crise política não é percepção nem interpretação de analistas mal intencionados. A crise é real e vai trazer estragos. O Presidente que vai ficar para a história como o responsável pela entrada em força de fascistas no parlamento, está literalmente à rasca, como às vezes se diz. Bem pode limpar as mãos à parede.

domingo, 2 de março de 2025

Design de comunicação

Da série Grandes Capas. Barry Blitt's “You’re Fired!”. The New Yorker. O melhor dos Estados Unidos da América a surpreender-nos sempre, contra o pior dos Estados Unidos da América.


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A bem da razão

Ontem tivemos o encontro final nas galerias da Casa Da Cultura. Este domingo é o último em que os trabalhos magníficos de Miguel Navas vão estar disponíveis aos olhares e permissivos a aquisições. Esta exposição é de grande qualidade visual e de grande exigência intelectual. Não é a habilidade parola que motiva Miguel Navas, mas sim a investigação, o olhar para as coisas como se elas pudessem ser transformadas. Miguel faz isso muito bem. Foi um prazer termos convivido com ele e com o seu trabalho. Foi um grande luxo termos estes trabalhos nas paredes da Casa da Cultura. Muito obrigado, Miguel.
Catarina Real mostrou as suas inquietantes serigrafias. O roubo como razão é aqui desmontado com humor. A Arte não se rouba. Com a Arte aprende-se a olhar com a intenção de procurar a surpresa, a diferença. Arte sem surpresa não é arte - é artesanato habilidoso, só isso. Cada trabalho é exemplar único. A técnica da serigrafia é aplicada caso a caso, na sobreposição de elementos visuais. Essa aplicação resulta sempre diferente. Exemplares únicos, portanto. As serigrafias de Catarina Real vão estar mais uns dias guardads em pastas para quem a quiser consultar e comprar. Ainda por cima são bem acessíveis. Vale a pena uma deslocação à Casa Da Cultura | Setúbal. Até já.

sábado, 1 de março de 2025

O grande estupor

O que se passou ontem trouxe-me de imediato à memória o excelente filme de Chaplin "O Grande Ditador", naquela cena em que Hynkel recebe Napaloni com a expressa intenção de o confrontar com a evidência de quem tem mais poder. Todas as terras do mundo — raras ou corriquieras — devem pertencer ao merceeiro que quer ser o dono de todos os negócios na terra.

Trump, a besta que ocupa a casa assombrada que é branca por fora e revestida de um arrepiante mau-gosto por dentro, chamou o presidente ucraniano especificamente para o humilhar em directo nas televisões de todo o mundo. A diplomacia deixou de ser o que era. Passou a ser uma mercearia onde é chamado e descomposto em directo quem o merceeiro define como caloteiro. A descompostura em directo vem dos tempos em que Trump tinha um programa de televisão em que exibia a alegria de despedir pessoas. Agora faz isso num país. Tem agentes criminosos para o fazer: Vance e Musk são os executores. Estes estupores são uma ameaça cada vez mais terrível. A transformação da casa assombrada em programa televisivo diário vai trazer-nos surpresas assustadoras. Será que esta interrupção descarada da decência e da vida de milhões de pessoas vai durar muito mais tempo? É que tudo isto é mesmo muito mau.



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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Design de comunicação

Da série Grandes Capas. Trabalho de Barry Blitt para The New Yorker. Março 2022.

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A intimidade do contraste

O CÉU DESABADO | Ana Nogueira vai expôr esta ideia na Biblioteca Camões. São desenhos esdrúxulos. A exposição abre dia 6 às seis e meia da tarde. Esta é uma ideia proposta por nós — DDLX — à biblioteca do Largo do Calhariz. Alinhei estas palavras para a folha de sala:

Como ter acesso à intimidade do contraste? É preciso, em cada objeto, reavivar algumas primitivas ambivalências, aumentar mais a monstruosidade das surpresas, é preciso aproximar, até que elas se toquem, a mentira e a verdade.  
Gaston Bachelard
A proximidade da verdade indicia o contraste. É preciso perceber a mentira, as razões que levam ao dislate, para percebermos as razões do que queremos atingir. É preciso ter acesso à intimidade do contraste, como defende Bachelard. É preciso reavivar memórias, procurar o que se conheceu, para que a verdade nos surpreenda e fique esclarecida a agrssão da mentira. A surpresa nem sempre corresponde ao que definimos como prazer ou sorte, mas é nessa ambivalência que insistimos em exercer a resistência que nos anima contra a mentira que brota e agride.
Os desenhos de Ana Nogueira são como raspamentos que encetam uma procura. Uma vontade de descobrir a verdade que se esconde, ou foge, ou que se limita a estar ali discretamente. Discreta é a verdade. Ousada é a mentira. Ousemos contrariá-la. A verdade vem sempre à tona? Fazemos por isso. Insistimos em trabalhar nesse patamar escorregadio. É nesse terreno que se situa o trabalho de Ana Nogueira. Os desenhos da Ana estão aí a denunciar o céu que esconde a tempestade. É bom olhar para eles. Percebemos melhor onde a verdade pode ser encontrada. É o que eu acho. Bom olhar.

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Design de comunicação

Da série Grandes Capas. Cartoon de André Carrilho para a The New Statesman.


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Receituário

Este livro tem textos do João Paulo Cotrim e imagens do João Francisco Vilhena. Agora o João Francisco vai mostrar as imagens fora do livro, em formatos generosos, tal como aconteceu quando participou na Festa da Ilustração - Setúbal, em 2023, com exposição na galeria do Museu de Setúbal - Convento de Jesus. Mas esta exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes tem design expositivo diferente e uns acrescentos visuais, logo é outra exposição. A receita está passada: abre amanhã, quinta-feira, às seis e meia da tarde. Imperdível.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Luiz Pacheco 100

Estamos a atravessar um tempo — entre 2020 e 2025 — em que figuras marcantes da nossa Cultura e política completam 100 anos desde o seu nascimento. José Saramago, José Dias Coelho, Mário Soares, Carlos Paredes, Luiz Pacheco. De todos os aqui mencionados, só José Dias Coelho não teve as merecidas menções. Motivo: foi assassinado pela polícia política do fascismo muito novo e há muito tempo. Mas José Afonso não deixou passar em claro este crime. Concebeu uma canção — A MORTE SAIU Á RUA — que denuncia o crime e imortaliza o artista José Dias Coelho.

Este ano temos Luiz Pacheco a inscrever-se no rol dos centenários. Haverá comemoração nacional. A Casa Da Cultura | Setúbal vai associar-se à coisa com participações várias e com programação própria. Recordaremos textos e comportamentos. COMUNIDADE, que Óscar Lopes considerou um dos melhores textos de sempre da literatura Portuguesa, vai ser recordado com uma exposição de Teresa Dias Coelho. Os desenhos que a Teresa fez para a edição da Contexto (1980 serão importante documento artístico afixado nas paredes da galeria da Casa. A história da COMUNIDADE passou-se em Setúbal, num edifício muito próximo da Casa da Cultura. Tudo faz sentido, até esta proximidade.
Fui amigo de Luiz Pacheco em intensa convivência em Setúbal e Lisboa. Tenho histórias para contar. Serão divulgados textos que são preciosas pérolas da literatura. A intemporalidade também marcou a obra de Luiz Pacheco. O programa das comemorações será publicado por estes dias. Para já aqui vai a imagem divulgadora. Até já.